As coisas não estão indo nada bem...
Desde a ultima vez que escrevi aconteceram tantas coisas que eu acho que minha cabeça não conseguiu processar tudo ainda.
Eu engravidei e perdi um filho. Com 8 semanas. Nunca imaginei que pudesse sentir tanta dor... não física. Essa eu senti, muita tb, mas dor física a gente sabe que uma hora acaba. Mas acontece que dessa vez eu não queria que acabasse, pq enquanto eu sentisse dor era sinal de que meu filho ainda estava comigo. Na realidade era como um velório, a dor era a presença física do meu carocinho, mesmo eu sabendo que ali não tinha mais vida.
Tive que fazer curetagem, aí a dor passa a ser sentimental. É a hora do enterro. Do fim definitivo. É chegada a hora de ser forte. É hora de ouvir que 7 em cada 10 mulheres já passaram por isso. E isso faz a gente sentir que não temos o direito de sofrer por essa perda. É hora de partir pra outra.
Mas me digam, vcs que já passaram por isso? Como lidar com o medo de passar por isso novamente? Pra mim, eu enterrei um filho. Não importa se ele tinha 18 anos ou 18,3 milimetros. Era meu filho, meu carocinho. Meu segundo filho.
Cerca de uma semana depois desse trauma, meu marido começou a passar por crises insuportaveis de enxaqueca, tinha que leva-lo ao hospital dia sim dia nao. Foram quase 2 meses com essa luta. No começo eu achei que era Deus me dando uma oportunidade de pensar em outra coisa, de cuidar de outra pessoa e esquecer o meu drama pessoal. E de certa forma isso funcionou.
Mas assim que as crises dele passaram, as minhas dores de cabeça, que são diarias, aumentaram terrivelmente. Me deixando nervosa, ansiosa e me impedindo de fazer atividade fisica.
Na realidade é que tudo virou uma bola de neve... Acho que finalmente eu voltei para a dor pós curetagem. Como se eu não tivesse tido tempo de sofrer o que eu precisava e agora meu corpo está pedindo esse tempo.
Não tenho feito nenhum exercicio, tenho comido o que não devo, tenho sentido dores de cabeça descomunais e minha ansiedade está me deixando louca. Nada mais me serve, não gosto de me olhar no espelho. Me sinto mal no meu corpo e não tenho forças para mudar isso.
Para piorar, estou tendo uma das piores TPMs em anos.
Todos os dias eu planejo reorganizar minha vida. Antes de dormir eu faço planos para um cafe da manhã saudavel, uma rotina organizada que vai me permitir dar conta da casa, do filho, das minhas tarefas na empresa, dar continuidade no meu TCC, ir para academia e ainda conseguir uma recolocação no mercado de trabalho como jornalista.
E na realidade, eu cumpro apenas com minhas obrigações como mãe. Deixo a casa esperando pela faxineira às quartas feiras, deixo as tarefas profissionais e o TCC pra amanhã, esqueço da academia e nem chego perto de tentar conseguir em emprego.
A única coisa que mantém a depressão um pouco afastada de mim é o meu filho. É por ele que encontro forças para levantar da cama. Cumpro com todos os compromissos dele. Mas não faço nada por mim.
A meses eu faço acupuntura para as minhas dores de cabeça e nada resolve. Mas dentro de mim eu sei que a única coisa que vai resolver é chutar essa depressão pra bem longe. Sei que só depende de mim. E sei que sou capaz, já passei por isso antes, várias vezes e segui em frente. Preciso do empurrão... mas tá foda!!!!!!
